quarta-feira, 20 de abril de 2011

Delírio à beira-mar...



Tinha o destino traçado como em profecia
Falou a velha louca ao ler-me a mão
Disse que o futuro é como linha riscada no chão
E ao tentar afastar-me, mais cedo o traria
Senti por meu corpo uma brisa fria
Decidi, por fim, encontrar meu lugar
E não entregar-me ao delírio lunar
Da velha que julguei ter perdido os sentidos
Mas hoje te vejo e penso arrependido
Pra velha tá certa, o destino traçado
Meus passos escritos e nossos nomes gravados
Nas areias tão claras da beira do mar.


Hoje se tu me chamasse, eu ia correndo
Esquecia das horas e dos compromissos
Faria o que fosse e não fosse preciso
E chegava onde estás com o sopro do vento
Como as folhas de outono, numa manhã de sereno
Caía em tua janela antes do galo cantar
Te tirava da cama, pra depois te deitar
Começaria te beijando pela ponta do pé
E com movimentos contínuos de força e fé
Seríamos nós dois, como as ondas do mar...
Romáryo Almeida Cavalcanti

terça-feira, 12 de abril de 2011

Utilizável inutilizado

Eu que nada tenho, apenas sou tido
Com olhos confusos geralmente perdidos
De pensamento tragado e sentimento parido
Lembro das lágrimas que um dia deixei cair

Justo eu que sou o protador do devaneio e da consequência
Que trago um gosto amargo na boca
E um peso peculiar na consciência
Ando por aí desencontrado, por ter perdido a quem pertenci
Romáryo Almeida Cavalcanti

domingo, 3 de abril de 2011

À/A Venda...


- Vendem-se Sonhos
           
Ao homem tímido
            De vida áspera
            Que com indiferença cástica
            Retira das ruas,
Entulhos mórbidos

- Vendem-se Sonhos
           
            Aos órfãos sáfaros
            De pátria inóspita
            Que mais parece um sarcófago
            Pra os de sorte drástica

- Vendem-se Sonhos
           
            Aos moribundos clínicos
            Que aguardam estáticos
            Pelo fim profético
            Ou a cura ilógica

- VENDE-SE SONHOS, Grita, a Vida ávida
            Diz que é enganação, o Destino presságico!
            Até que encerra o expediente, a Morte trágica!

Romáryo Almeida Cavalcanti